Era um peixe.
Um peixe brilhante, feliz, mas muito distraído. Tinha olhos grandes...como outros peixes...mas os olhos dele viam coisas que os outros peixes não viam.
Gostava de ficar a olhar as estrelas...dizia que estava apaixonado por uma delas...uma estrela cadente...
Muitas vezes deixava-se ficar, com a cabeça apoiada sobre as guelras, a olhar o céu infinito...Sabe-se lá o que se passava naquela cabeça grande de peixe.
Quando a maré começava a vazar os outros peixes chamavam-no...anda daí...não sejas parvo...vais morrer...Mas nada o fazia sair daquela pequena poça...quase vazia...até que ficava sem ar...moribundo...a deixar a vida esvair-se com a água que se afastava. Tentava saltar, apanhar a água, mas já não tinha mais forças...só lhe restava despedir-se da sua estrela e deixar-se envolver nos braços frios da morte.
De repente, como por milagre, uma onda maior encheu a pequena poça onde o desgraçado agonizava. Respirou...abriu os olhos...olhou as estrelas e dizem que até sorriu. Apoiou a cabeça nas guelras e deixou-se ficar a contemplar as estrelas.
Só pode ser amor...
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