terça-feira, 21 de julho de 2015

Andorinha atrevida


Debruçada na janela da casa olhava para a rua sem prestar atenção a nada em especial. Absorta nos meus pensamentos deixava vaguear o olhar como se nem estivesse ali, naquele lugar.
De repente, senti algo que passava, muito rapidamente, mesmo em frente do meu nariz...uma vez...outra...mais outra.
Arrumei os pensamentos...mais tarde voltarei a eles...é inevitável...e decidi prestar atenção aquele intruso que de forma tão atrevida vinha perturbar-me.
Foi pousar num galho seco muito perto de mim, encarou-me e, cor ar de poucos amigos, perguntou-me:
- O que estás a fazer?...
- Estou a pensar...
- E para que serve pensar?...
- Ora...serve para ajudar a tomar boas decisões, sem erro...e também serve para viver...
- Viver?...
- Sim...viver coisas impossíveis...chama-se sonhar acordado...
- Não acredito nisso...parece-me coisa de tontos...
- Porque não és uma pessoa...és só uma pequena andorinha...
- Pode até ser...mas se vais ficar aí, com esse ar de quem quer e não quer...vai e não vai...não me parece que consigas grande coisa. Já te vejo assim há muito tempo...Acredita que gostava de ajudar-te...a perder o medo...
- Medo?...qual medo?...eu não estou com medo de nada...
-Pois, pois...se ficas tanto tempo a pensar...só pode ser por medo que não sais daí. E agora se me dás licença, tenho muito que fazer...Adeus.
- Adeus minha amiga andorinha...quem me dera poder voar contigo...
Luzia Santos

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