terça-feira, 21 de julho de 2015

Era Natal

Na paragem do autocarro aguardei tranquilamente a hora da partida...o que tinha para fazer podia esperar...
Sentei-me e deixei-me ficar olhando sem prestar grande atenção às pessoas que por ali passavam.
Ele chegou e sentou-se espaçosamente entre mim e uma outra passageira. Meteu conversa com ela...
- De que terra é?...
- Eu?...não tenho terra nenhuma...
- Ora essa...não me diga que tem vergonha de dizer qual é a sua terra...pois eu cá não tenho vergonha de nada...digo tudo...era só o que faltava...
- Não...não é isso...o senhor estava a brincar...respondi a brincar também...sou de Cabo Verde...
- Ah!...pois...é tão bonita...tão branquinha...Tem o quê, cinquenta anos?...
Aqui ela soltou uma fresca gargalhada, eu sorri e creio que os passageiros que ali se encontravam sorriram também. Nitidamente ambos tinham mais que setenta anos.
- E tem uma fala bonita...
Não ouvi o resto da conversa...o senhor era espaçoso e aos poucos ocupou também o meu lugar...não tive outro remédio senão levantar-me...creio que nem reparou que eu ali estava.
Não ouvia o que diziam mas passado algum tempo ( o autocarro estava atrasado) vi que mostravam os telemóveis um ao outro...fotografias dos netos certamente...
Não sei se trocaram contatos nem se prometeram voltar a encontrar-se mas tenham a certeza que regressaram às suas casas mais felizes e mais ricos.
Mentalmente desejei-lhes um Feliz Natal e que a vida lhes dê ainda muitos bons momentos...assim...cheios de disposição.
É bom...encontrar pessoas felizes.


Luzia Santos

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