terça-feira, 12 de outubro de 2010

E porque não?

O autor aproxima-se do escritor, apreendendo a forma de escrever os romances ou o modo de Saramago ler a Bíblia até ao centro da terrível intimidade que é o tema de Deus e da morte.
Os Fantasmas de Saramago não é um ajuste de contas literárias com o escritor. Não pretende directamente interpelar nem o autor, nem o político, nem o poeta, nem o romancista, embora passe pela sua maneira de escrever. Interpela o homem de carne e osso, que nasce, sofre e morre – sobretudo, que morre e carece de uma instância superior. Por isso, este livro é uma meditação acerca da instância superior que Saramago rejeita e ridiculariza.
Este livro questiona as ideias acerca da realidade da vida, vida que começa e acaba e questiona também o crente de uma religião militante não só laica, mas laicista, que confessava que um dia desapareceria no rio do esquecimento, como dizia Rafael Alberti. Os interpelantes, Ortega y Gasset e Julián Marías, são filósofos da vida e da esperança. São dois irmãos na mesma jangada de pedra, a Península Ibérica, que Saramago tanto defendia e amava. Eles propõem uma perspectiva inovadora que ajuda a pensar, a projectar e até a esperar para além do horizonte, do esquecimento e do nada.
Oferecendo uma série de reflexões que Saramago parece nunca ter ouvido ou meditado, recomenda-se a leitura deste livro que interessará a todos que se questionam e que lêem Saramago.

Este livro aguça-me a curiosidade. Espero que corresponda às minhas espectativas. Como gosto e leio muito a obra de Saramago parece-me um desafio interessante.

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